O Caminho do Meio é uma das principais filosofias das várias tradições budistas e refere-se a um modo de vida que procura valorizar a existência humana e aliviar o mundo do sofrimento.
Na prática, o Caminho do Meio refere-se a ações ou atitudes concretas aplicadas com equilíbrio e moderação, evitando os extremos e a dualidade e foca-se no esforço contínuo e dinâmico de aplicar a sabedoria mais ampla do Budismo às questões e desafios da vida, com o objetivo de criar felicidade para si próprio e para os outros e eliminar as causas do sofrimento humano.
Esta filosofia aparece regularmente associada ao conceito e prática das 4 Nobres Verdades do Budismo e do Nobre Caminho Óctuplo.
O conceito do Caminho do Meio foi ensinado por Sidarta Gautama logo após a sua iluminação, tendo sido transmitido no primeiro sermão que ele proferiu no estado de Buda.
De acordo com o Caminho do Meio, a causa do sofrimento humano está na busca excessiva de prazeres sensoriais e na negação e aversão a eles. Portanto, o objetivo do Caminho do Meio envolve encontrar um equilíbrio saudável entre extremos, procurando uma vida moderada e consciente, e seguindo os princípios do Nobre Caminho Óctuplo para alcançar a paz interior e a iluminação.
As Quatro Nobres Verdades
As Quatro Nobres Verdades são conceitos base para entender e praticar o Budismo e podem-se resumir desta forma:
1. A verdade do sofrimento: A vida é marcada e repleta de sofrimento, que pode ser físico ou emocional. O sofrimento é uma parte natural da existência humana.
2. A verdade da origem do sofrimento: O sofrimento é causado pelo desejo e apego às coisas materiais, às sensações e ao próprio eu. O apego leva-nos ao sofrimento e à insatisfação.
3. A verdade da cessação do sofrimento: É possível cessar o sofrimento ao abandonar o desejo e o apego. Ao alcançar o estado de Nirvana, um estado de iluminação e libertação, o sofrimento pode ser superado.
4. A verdade do caminho para a cessação do sofrimento: Existe um caminho para alcançar a libertação do sofrimento, que o Budismo denomina de Nobre Caminho Óctuplo.
O Nobre Caminho Óctuplo
O Nobre Caminho Óctuplo é um dos principais conjuntos de ensinamentos do budismo e consiste em oito partes interconectadas, cada uma representando um aspeto essencial e necessário para a prática budista.
Essas 8 partes estão divididas em 3 categorias principais que consistem em sabedoria, ética e concentração.
- Sabedoria
- Entendimento Correto
- Intenção Correta
- Moralidade
- Comunicação Correta
- Ação Correta
- Modo de Vida Correto
- Concentração
- Esforço Correto
- Atenção Plena Correta
- Concentração Correta
1. Entendimento correto: Refere-se à visão e compreensão correta da realidade e do mundo ao nosso redor, incluindo a impermanência, o sofrimento e a ausência de um eu permanente.
2. Intenção correta: Envolve ter intenções e motivações positivas, como renunciar a sentimentos egoístas, cultivar compaixão e renunciar a ações prejudiciais.
3. Comunicação correta: Significa comunicar com honestidade, ser gentil e evitar falar mentiras ou de forma a prejudicar os outros. Assim, é necessário praticar a fala harmoniosa e benéfica para os outros.
4. Ação correta: Refere-se a agir de forma ética e moralmente correta, evitando prejudicar outros seres vivos. Isso envolve aderir aos cinco preceitos básicos do Budismo, como não matar, não roubar, não cometer adultério, não mentir e não se intoxicar.
5. Modo de vida correto: Envolve ganhar a vida de maneira honesta e ética, evitando profissões que envolvam roubo, exploração ou prejudiquem outros seres vivos.
6. Esforço correto: Refere-se a cultivar uma prática constante e diligente, dedicando tempo e esforço para cultivar qualidades positivas, a meditação e o estudo budista.
7. Atenção plena correta: Envolve estar consciente do momento presente, observando e compreendendo a natureza da mente e das experiências. A mente deve estar atenta e focada, sem divagações ou distrações.
8. Concentração correta: Significa desenvolver uma mente concentrada e unificada através da prática da meditação. Isso envolve a capacidade de focar no objeto de meditação e superar a dispersão mental.
Essas oito partes do caminho não são etapas lineares que devem ser seguidas por ordem, mas sim aspetos que se entrelaçam e desenvolvem-se em conjunto. Cada aspeto é igualmente importante e necessita ser desenvolvido para atingir a iluminação, a paz interior, o Nirvana.