Eurípedes Kuhl: A espiritualidade e os Animais

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O médium e escritor Eurípedes Kuhl, tem mais de 30 obras publicadas, entre elas “Animais – Amor e Respeito” e “Animais, Nossos Irmãos”. Fala sobre como a Espiritualidade retrata os animais não humanos, da sensibilidade felina e de possíveis encontros entre os tutores e os seus animais num outro plano espiritual.

Eurípedes, um apaixonado por gatos já teve 11 de uma só vez. Hoje divide o seu lar com dois: a siamesa Pituca e o gato Josué.

Entrevista a Eurípedes Kuhl

ANDA: Como que o Espiritismo enxerga os animais?

Eurípedes: Como filhos de Deus e, portanto, nossos irmãos. Têm Espírito, mas em nível evolutivo inferior ao do homem. Evoluem, como nós, vindo a adentrarem no reino hominal.

Então, os animais, um dia, reencarnarão como pessoas? Isso quer dizer que nós também já fomos animais em vidas passadas?

Eurípedes: Nem todos os animais seguem o roteiro evolutivo de serem promovidos ao reino humano. Notas a respeito são escassas no Espiritismo. No livro Evolução em Dois Mundos, do autor espiritual André Luiz, psicografia de F.C.Xavier/W.Vieira, há informações transcendentes sobre a evolução do animal ao reino hominal:

“À maneira de crianças tenras, internadas em jardim de infância para aprendizados rudimentares, animais nobres desencarnados, a se destacarem dos núcleos de evolução fisiopsíquica em que se agrupam por simbiose, acolhem a intervenção de instrutores celestes, em regiões especiais, exercitando os centros nervosos. Nomearemos o cão e o macaco, o gato e o elefante, o muar e o cavalo, como elementos de vossa experiência usual, mais amplamente dotados de riqueza mental, como introdução ao pensamento contínuo”. Vemos aqui, salvo melhor juízo, pista para entendimento sobre o chamado “elo perdido” dos biólogos e naturalistas: ele não se processa na Terra, e sim no mundo espiritual, por geneticistas celestes…

Além dos livros “Animais Amor e Respeito” e “Animais Nossos Irmãos”, o senhor tem mais algum com esse tema?

Euripedes: Livro, não. Textos, inúmeros, já estão divulgados em vários sites espíritas. Aos interessados indico o link do meu blog.

Por que o senhor acha importante falar de direitos animais?

Euripedes: Para conscientizar os que não os respeitam. Sendo criação divina, têm os mesmos direitos dos homens de serem inquilinos na Terra, onde Deus nos colocou. Sou da opinião que a educação, desde os primórdios dos bancos escolares, deve contemplar noções de respeito e deveres para com a Natureza, aí incluindo-se o convívio do homem com o animal trazido de diferentes habitats para o convívio humano. Ecologia global, em última análise.

Ainda dentro da doutrina espírita, alguns males que os homens enfrentam em suas vidas pessoais, como doenças, acidentes, violência, devem-se a dívidas de vidas passadas, ou seja, uma espécie de resgate. Mas os animais também sofrem terríveis maus-tratos, adoecem de câncer e agonizam de fome, entre outras coisas. Se os animais não possuem dívidas de vidas passadas e nem precisam fazer resgates, por que é permitido que sofram tanto?

Euripedes: O Espiritismo tipifica a dor em três nuances, ou em três hipóteses: dor-expiação, dor-evolução e dor-auxílio. Os animais não sofrem a dor-expiação, posto que não têm consciência e agem por instinto. Neles não há “culpa”. Agem pela sobrevivência. Não obstante, passam pelas dolorosas experiências da vida — dor-evolução —, a fim de registrarem em seu espírito rudimentar como evitar a dor. Não sofressem dor e certamente cedo morreriam. Esse aprendizado se incorporará neles para sempre, inclusive, quando forem promovidos para o reino da inteligência contínua.

Quanto à dor-auxílio é o que ocorre, por exemplo, com as cobaias: ajudam expressivamente Medicina, quanto a reações, experimentações e desenvolvimento de novos procedimentos médicos, além de comprovarem a eficácia e resultado de novos fármacos. A Medicina veterinária, ela própria, se beneficia dessas ocorrências. Não sou favorável ao emprego de animais como cobaias. Penso que com o avanço tecnológico já alcançado, a Medicina já poderia dispensar, se não todos os procedimentos com cobaias, ao menos reduzir drasticamente tais ocorrências, das quais sempre resulta a morte dos modelos utilizados.

Eurípedes Kuhl com a gata Pituca. Ele sentado na mesa com jornal aberto na frente. A gata siamesa está deitada em cima do jornal e recebe afagos do escritor.

O que acontece com o espírito dos animais quando eles morrem? Eles também reencarnam?

Euripedes: São acolhidos por Espíritos encarregados de mantê-los agrupados por espécie. E reencarnam a breve tempo do seu desencarne. Alguns, raros, permanecem mais algum tempo, acompanhando equipes assistenciais em suas tarefas.

Eles podem reencarnar dentro ou próximos da família que tiveram? Por exemplo: voltar para uma mesma família nascendo numa nova ninhada ou de alguma forma indo parar na casa que um dia ele morou?

Euripedes: Essa resposta só a tem Deus e os Espíritos elevadíssimos, denominados “Construtores da Vida”. Não obstante, pessoalmente sou dos que creem firmemente que isso acontece. Não posso afirmar nem comprovar, mas posso, isso sim, trazer essa alegria na alma e gratidão a Deus, quando para mim isso aconteceu, porém, raramente.

Os gatos parecem bastante sensitivos. Eles podem ver espíritos? Podem identificar pessoas de má índole assim que as veem, como se tivessem acesso à alma delas?

Euripedes: Gatos são animais admiráveis neste quesito de sensibilidade espiritual, que lhes possibilita de fato identificar de pronto alguma atitude negativa nas pessoas. Quando fisicamente fico doente, sempre um dos nossos gatos “grudam” no meu pé, na cama, ficando horas e horas em silêncio e imobilidade… Sempre sinto reconforto espiritual nisso. Penso que isso acontece com todos que têm gatos.

Os animais, depois que morrem, podem nos visitar em espírito? Ou em sonhos?

Euripedes: Quem afirma que isso é possível é o saudoso Chico Xavier, ele próprio amigo e protetor dos animais, com uma fabulosa fieira de casos relativos de amor aos animais.

Podemos reencontrar nossos animais depois que morremos?

Euripedes: Eu até já aventei essa possibilidade, num dos meus livros, registrando que se nós morrermos em data não distante da morte de um dos nossos animais, há grande probabilidade de nos reencontrarmos no Plano Espiritual. Cumpre assinalar que isso está condicionado à nossa condição de chegada “no outro mundo” e, como sempre, considerado nosso merecimento… Assim, a hipótese é bem provável…

Seu blog é fruto de quanto tempo de trabalho dentro do espiritismo? Resuma um pouco sua trajetória.

Eurípedes: Meu blog contém os trabalhos que produzi em 41 anos, nos quais caminho como humilde andarilho na luminosa estrada da literatura espírita. Dediquei-me e dedico-me integralmente ao estudo do Espiritismo desde há uns 50 anos. Em 1974 eclodiu-me a mediunidade da psicografia. Psicografei mensagens de vários Espíritos, por 13 anos, como simples treinamento dos amigos invisíveis. Em 1989, extremamente feliz, iniciei a psicografar um livro. Então, a seguir, psicografei mais 14. Sou imensamente grato a Jesus e aos protetores invisíveis que permitiram que todos fossem publicados, maioria reeditados várias vezes. Paralelamente, escrevi outros 13 livros, espíritas também, fruto de pesquisas, análises e reflexões.

Minha forma de escrever contempla a extração de novas análises, reflexões e ideias. Na seção de “Estudos”, o título “Amizade&Companheirismo S.A.” é um trabalho que elaborei em defesa dos animais. São dez historinhas em quadrinhos do famoso cartunista Márcio Baraldi (Baraldão) para esse meu CD. Ele também ama aos animais.

Entrevista por Fátima ChuEcco, publicada em 28 de junho de 2015.

Este é um artigo da ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais (Brasil).