A natureza espiritual do Ser Humano e o sentido da vida

800 400 Nova Terra | Aveiro

Muitos de nós questionamos-nos sobre o verdadeiro significado da vida, o propósito da nossa existência e o papel que desempenhamos na criação da realidade que nos rodeia. Estas são questões profundas, que não são óbvias nem fáceis de entender, mas que felizmente já não permanecem em segredo graças às mensagens espirituais que vão sendo transmitidas um pouco por todo o mundo desde há centenas ou milhares de anos e que hoje em dia estão facilmente acessíveis, para quem as procura.

Algumas das respostas mais esclarecedoras a estas questões existenciais, são passadas por Neale Donald Walsch, no primeiro volume da série de livros “Conversas com Deus”. Neste livro, ele apresenta-nos uma perspetiva mais ampla e libertadora da vida, recorda-nos que somos, à semelhança de Deus, criadores poderosos, com a capacidade de moldar o nosso mundo interior e exterior. Com clareza e simplicidade, os seus ensinamentos guiam-nos pelos passos necessários para transformar a nossa realidade, alinhando-nos com o propósito e os desejos mais profundos da nossa alma.

Neste artigo, selecionámos alguns trechos essenciais do livro que abordam os seguintes temas:

  • A natureza espiritual do Ser Humano e o processo de criação
  • Os passos para a criação de um novo mundo
  • O verdadeiro objetivo da vida
  • O propósito e o desejo da alma

O objetivo é inspirar-te a refletir sobre quem realmente és e como podes viver de forma mais consciente e alinhada com a tua essência.

Que estas palavras te toquem profundamente e sirvam como um convite para redescobrires o teu poder criativo e o teu propósito maior.


Eu defini Leis Universais que vos possibilitam ter – e criar – exactamente aquilo que escolherem. Essas Leis não podem ser infringidas nem ignoradas. Estás a cumpri-las neste momento ao leres estas palavras. Não podes deixar de cumprir a Lei pois é assim que as coisas funcionam. Não podes afastar-te disso; não podes existir fora dela.

Em todos os momentos da tua vida tens existido dentro dela – e tudo o que já experienciaste foi, consequentemente, criado por ti.

Formas uma sociedade com Deus. Partilhas uma aliança eterna. A promessa que te faço é dar-te sempre aquilo que pedires. A tua promessa é perguntar; entender o processo de perguntas e respostas.

Já te expliquei, uma vez, esse processo. Fá-lo-ei de novo para que o entendas com toda a clareza. És um ser triplo. Composto de corpo, mente e espírito. Podes chamar-lhes também físico, não físico e metafísico. Esta é a Santíssima Trindade e tem sido designada por muitos nomes. Aquilo que tu és, sou-o Eu. Sou o chamado Três-Em-Um.

Alguns dos vossos teólogos chamaram-lhe Pai, Filho e Espírito Santo.

Os vossos Psiquiatras reconheceram este triunvirato e chamaram-lhe consciente, subconsciente e sobreconsciente.

Os vossos filósofos chamaram-lhe id, ego e superego.

A ciência chama-lhe energia, matéria e anti-matéria.

Os poetas falam de mente, coração e alma.

Os pensadores do New Age referem-se-lhe como corpo, mente e espírito.

O vosso tempo divide-se em passado, presente e futuro. Não será o mesmo que subconsciente, consciente e sobreconsciente?

O espaço divide-se igualmente em três: aqui, ali e o espaço intermédio.

É definir e descrever esse “espaço intermédio” que se torna difícil, elusivo. No momento em que inicias essa definição, ou descrição, o espaço torna-se “aqui” ou “ali”. Sabemos, no entanto, que esse “espaço intermédio” existe. É o que mantém no lugar o “aqui” e o “ali” tal como o “agora” mantém no lugar o “antes” e o “depois”.

Essas vossas três facetas são, na realidade, três energias. Poderão chamar-lhes pensamento, palavra e acção. Juntas, produzem um resultado – a que, na vossa linguagem e entendimento, se chama sensação, ou experiência.

A vossa alma (subconsciente, id, espírito, passado, etc.) é a soma total de todas as sensações que já tiveram (criaram). A consciência que têm de algumas delas chama-se remembrança. Ao terem uma remembrança, diz-se que estão a remembrar. Ou seja, tornar a juntar. A reagrupar as partes. Quando reagrupares todas as partes de ti mesmo, terás remembrado Quem Tu Realmente És.

O processo criativo inicia-se com o pensamento – ideia, conceito, visualização. Tudo o que vês já foi, em tempos, urna ideia de outro alguém. Nada existe no teu mundo que não tenha existido primeiro como simples pensamento.

O que se aplica, também, ao universo.

O pensamento é o primeiro nível de criação.

A seguir vem a palavra. Tudo o que dizes é um pensamento expresso. Sendo criativo, transmite uma energia criativa ao universo. As palavras são mais dinâmicas (donde, como dirão alguns, mais criativas) que o pensamento, pois estão a um nível de vibração diferente do do pensamento. Atingem (mudam, alteram, afectam) o universo com muito maior impacte.

As palavras são o segundo nível de criação.

A seguir vem a acção.

Acções são palavras em movimento. Palavras são pensamentos expressos. Pensamentos são ideias formadas. Ideias são energias acumuladas. Energias são forças libertadas. Forças são elementos existentes. Elementos são partículas de Deus, porções de Tudo, a substância de todas as coisas.

Deus é o princípio. A acção é o fim. A acção é Deus a criar – ou Deus experienciado. O teu pensamento sobre ti mesmo é que não és suficientemente bom, suficientemente prodigioso, suficientemente isento de pecado, para seres uma parte de Deus, em associação com Deus. Negaste-o durante tanto tempo que já esqueceste Quem Tu És.

Isso não aconteceu por coincidência, por um acaso. Faz tudo parte do plano divino – pois não poderias afirmar, criar, experienciar Quem Tu És se já o fosses. Primeiro era necessário que te libertasses (renegasses, esquecesses) da ligação Comigo para poderes experienciá-la plenamente criando-a plenamente ao invocá-la. Pois o teu maior ensejo – o Meu maior desejo – era que te experienciasses como a parte de Mim que tu és. Estás, por conseguinte, no processo de auto-experienciação ao criares-te a ti mesmo de novo em cada momento que passa. Tal como Eu. Através de ti.

Vês a associação? Percebes quais são as suas implicações?

Trata-se de uma cooperação sagrada – na verdade, uma comunhão sagrada.

Por isso a tua vida “entrará nos eixos” quando assim o decidires. Até ver, ainda não o fizeste. Tens vindo a procrastinar, a protelar, a adiar, a evitar. Agora está na altura de oficializares e concretizares o que te foi prometido. Para isso, deves acreditar na promessa e vivê-la. Deves viver a promessa de Deus.

A promessa de Deus é que tu és filho Dele. Descendente Dela. Seu semelhante. Seu igual.

Ah… aqui é que te assustas. Aceitas as designações “filho Dele”, “descendente”, “semelhante”, mas retrais-te ao chamarem-te “Seu igual”. É pedir demais. É demasiada grandeza, demasiado encantamento – demasiada responsabilidade. Pois se és o Seu igual significa que nada te está a ser feito – e que todas as coisas são criadas por ti. Não pode haver mais vítimas nem mais vilões – apenas resultados do teu pensamento sobre algo.

Pois digo-te Eu: tudo o que vês no teu mundo é o resultado da ideia que disso tens. Queres que a tua vida entre mesmo “nos eixos”? Então muda a ideia que tens dela. De ti mesmo. Pensa, fala e age como o Deus Que És.

Claro que isso vai separar-te de muitos – da maioria – dos teus companheiros. Vão chamar-te doido. Vão dizer que estás a blasfemar. Podem mesmo vir a ficar fartos de ti e tentar crucificar-te.

Farão isso não por acharem que vives num mundo de ilusões só tuas (há muitos homens suficientemente generosos para te deixarem viver as tuas próprias fantasias), mas porque, mais tarde ou mais cedo, outros serão atraídos para a tua verdade – pelas promessas que ela lhes traz.

É ai que os teus companheiros interferirão – pois é aí que começarás a ameaçá-los. A tua simples verdade, vivida na simplicidade, trará mais beleza, mais conforto, mais paz, mais alegria e mais amor por ti mesmo e pelos demais do que outra coisa qualquer que os teus companheiros terrenos possam conceber.

E essa verdade, adoptada, significaria o término das acções deles. O fim do ódio, do medo, do fanatismo e da guerra. O fim das condenações e mortes levadas a cabo em Meu nome. O fim do a-força-é-que-manda, do poder-que-tudo-compra. O fim da lealdade e vassalagem através do medo. O fim do mundo como eles o conhecem – e como vocês até agora o criaram.

Por isso prepara-te, boa alma. Pois serás aviltada e escarnecida, caluniada e desprezada, e finalmente irão acusar-te, julgar-te e condenar-te — todos à sua maneira — desde o momento em que aceites e adoptes a tua causa sagrada – a auto-realização.

Para quê fazê-lo, então?

Porque já não te interessa a aceitação ou aprovação do mundo. Já não estás satisfeito com o que ele te trouxe. Já não te agrada aquilo que trouxe aos outros. Queres acabar com a dor, com o sofrimento, com a ilusão. Já estás farto deste mundo da maneira que ele se encontra. Procuras um mundo novo.

Não o procures mais. Vá, fá-lo acontecer.

Podes ajudar-me a compreender melhor como é que isso se faz?

Sim. Começa pelo Pensamento Mais Sublime que tens sobre ti mesmo. Imagina-te como serias se vivesses esse pensamento todos os dias. Imagina o que pensarias, farias e dirias, e como reagirias ao que os demais fazem e dizem. Vês alguma diferença entre essa imagem e aquilo que pensas, fazes e dizes agora?

Sim. Vejo uma diferença enorme.

Óptimo. É normal, visto sabermos que neste momento não estás a viver a mais sublime visão que tens de ti mesmo. Ora, tendo visto as diferenças entre o ponto em que estás e aquele onde queres estar, começa a mudar – a mudar conscientemente – os teus pensamentos, as tuas palavras e as tuas acções de acordo com a tua visão mais grandiosa.

Isso vai exigir um enorme esforço mental e físico. Implicará uma observação constante, momento a momento, de todos os teus pensamentos, palavras e actos. Envolverá uma tomada de decisão contínua – conscientemente. Todo este processo representa um movimento em bloco rumo à consciência. O que vais descobrir, se aceitares este desafio, é que passaste metade da tua vida inconsciente. Ou seja, desconhecendo, a um nível consciente, o que estás a decidir sob a forma de pensamentos, palavras e acções, até experienciares as consequências dos mesmos. Depois, ao experienciares tais resultados, negas que os teus pensamentos, palavras e acções tenham tido alguma coisa a ver com eles.

Isto é um pedido para acabares com tal modo de viver inconsciente. É um desafio que a tua alma te vem lançando desde o princípio dos tempos.

Esse tipo de constante observação mental parece-me terrivelmente cansativo…

Pode ser, até se transformar numa segunda natureza. É, de facto, a tua segunda natureza. A primeira é amares de forma incondicional. A segunda é optares por expressar a primeira, a tua verdadeira natureza, de uma forma consciente.

Desculpa, mas esse tipo de constante correcção ao que penso, digo e faço não vai transformar-me num “grande chato”?

Nunca. Diferente, sim. Chato, não. Jesus era chato? Não me parece. O Buda era uma companhia enfadonha? As pessoas juntavam-se, suplicavam para estar na sua presença. Ninguém que atingiu a perfeição é chato. Invulgar, talvez.

Extraordinário, talvez. Mas nunca chato,

Então… queres que a tua vida “entre nos eixos”? Começa imediatamente a imaginá-la da forma que queres que ela seja – e dirige-te nessa direcção. Analisa cada pensamento, cada palavra e cada acção que não esteja em harmonia com isso. Afasta-te deles.

Quando tiveres um pensamento que não se enquadre na tua mais sublime visão, muda para um novo pensamento, nesse preciso instante. Quando disseres alguma coisa que não se enquadre no mais elevado conceito em que te tenhas, toma nota para não tornares a dizer nada do género. Quando fizeres uma coisa em desacordo com o teu melhor propósito, jura que foi a última vez que a fizeste. E, se puderes, faz as pazes com todos os que nisso estiveram envolvidos.


A vida é uma criação, não uma descoberta.

Não vives cada dia para descobrires o que ele te reserva, mas sim para o criares. A cada minuto que passa, estás a criar a tua realidade, provavelmente sem disso te aperceberes.

Eis a razão para que assim seja e como se processa:

1. Eu criei-te à imagem e semelhança de Deus.

2. Deus é o criador.

3. Tu és três seres num só. Podes chamar o que quiseres a esses três aspectos do ser: Pai, Filho e Espírito Santo; mente, corpo e espírito; sobreconsciente, consciente e subconsciente.

4. A criação é um processo que provém dessas três partes do teu corpo. Por outras palavras, tu crias a três níveis. Os instrumentos da criação são: o pensamento, a palavra e o acto.

5. Toda a criação começa pelo pensamento (“Provém do Pai”). Toda a criação passa de seguida à palavra (“Pedi e recebereis, falai e ser-vos-á feito”). Toda a criação se concretiza no acto (“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”).

6. Aquilo que pensares, mas que, depois, nunca verbalizares, cria-se a um nível. Aquilo que pensares e que verbalizares cria-se a outro nível. Aquilo que pensares, verbalizares e fizeres torna-se manifesto na tua realidade.

7. Pensar, falar e fazer algo em que verdadeiramente não acredites é impossível. Por conseguinte, O processo de criação deve incluir a crença, ou o saber. Ou seja, a fé absoluta. Isso ultrapassa a esperança. É o conhecimento de uma certeza (“Pela fé serás curado”). Por conseguinte, a parte do fazer na criação inclui sempre o saber. É uma clareza ao nível do íntimo, uma certeza total, uma plena aceitação de algo como realidade.

8. Esse domínio do saber é um domínio de intensa e incrível gratidão. É um agradecimento antecipado. E isso talvez seja a verdadeira chave da criação: estar-se grato antes da, e pela, criação. Esse tomar como certo é não só uma atitude permitida como incentivada. É o verdadeiro sinal de mestria. Todos os Mestres sabem antecipadamente que a acção foi feita.

9. Louva e desfruta de tudo o que criares, que já criaste. Rejeitar uma parte disso é rejeitar uma parte de ti mesmo. O que for que agora se apresente como parte da tua criação, apossa-te dele, reclama-o, abençoa-o, agradece-o. Procura não o condenares (“Diabos levem isto!”), pois ao condená-lo estás a condenar-te a ti mesmo.

10. Se houver algum aspecto da criação que aches que não te agrada, abençoa-o e limita-te a mudá-lo. Faz uma nova escolha. Suscita uma nova realidade. Pensa um pensamento novo. Diz uma palavra nova. Faz uma coisa nova. Fá-lo com grandiosidade e o resto do mundo seguir-te-á. Pede que assim seja. Faz que assim seja. Diz: “Eu sou a Vida e o Caminho, sigam-me.”

É assim que se manifesta a vontade de Deus “tanto na Terra como no Céu”.

Se é assim tão simples, se precisamos apenas dessas dez etapas, porque é que isso não funciona dessa maneira com mais pessoas?

Funciona dessa maneira com todos vós. Alguns estão a utilizar o “sistema” conscientemente, com plena consciência, e outros de forma inconsciente, sem sequer saberem o que estão a fazer.

Uns caminham acordados, outros como sonâmbulos. No entanto, todos estão a criar a realidade – a criar, não a descobrir – servindo-se do poder que Eu vos conferi e do processo que acabo de descrever. Perguntaste-Me quando é que a tua vida “entraria nos eixos” e Eu dei-te a resposta.

Farás com que a tua vida “entre nos eixos” começando por fazer dela uma ideia muito clara. Pensa no que queres ser, fazer e ter. Pensa as vezes que forem necessárias até o perceberes com toda a clareza. Então, quando tudo estiver bem claro, não penses em mais nada. Não imagines nenhuma outra possibilidade.

Corre com todos os pensamentos negativos para fora das tuas construções mentais. Livra-te de todo o pessimismo. Expulsa todas as dúvidas. Rejeita todos os medos. Disciplina a tua mente para que se apegue com firmeza ao pensamento criativo original.

Quando os teus pensamentos forem claros e sólidos, começa a verbalizá-los como verdades. Di-los em voz alta. Usa o poderoso comando que suscita o poder criativo: Eu sou. Afirma-te aos outros. “Eu sou” é o mais poderoso testemunho criativo que existe no universo. Depois da afirmação “Eu sou”, tudo o que pensares, tudo o que disseres, irá pôr em movimento essas experiências, suscitando-as, trazendo-as até ti.

O universo não conhece outra forma de funcionamento. Não conhece outra via. O universo reage à afirmação “Eu Sou” tal como um génio dentro de uma garrafa.

Dizes “expulsa todas as dúvidas, rejeita todos os medos, livra-te de todo o pessimismo” corno se estivesses a dizer “vai buscar-me um pão de forma”, mas essas coisas não são assim tão fáceis de fazer. “Corre com todos os pensamentos negativos para fora das tuas construções mentais” é quase como dizer “escala o monte Evereste.. antes do almoço”. É uma ordem e tanto!

Refrear os teus pensamentos, exercer um certo controlo sobre eles, não é tão difícil como pode parecer. (Nem, já agora, escalar o monte Evereste.) É tudo uma questão de disciplina. Uma questão de força de vontade.

O primeiro passo é aprender a monitorizar os teus pensamentos; a pensar sobre aquilo em que estás a pensar.

Quando deres por ti a ter pensamentos negativos – pensamentos que negam o mais elevado conceito em que te tens a ti mesmo – pensa outra vez! Quero que o faças, literalmente. Se pensares que estás numa situação difícil, numa alhada, e que dela nada de bom pode vir, pensa outra vez. Se pensares que o mundo é um sítio mau, cheio de acontecimentos negativos, pensa outra vez. Se pensares que a tua vida se está a desmoronar e te parecer que nunca mais conseguirás reconstruí-la, pensa outra vez.

Podes treinar-te para fazeres isso. (Repara como te treinaste bem para não o fazeres!)

Obrigado. Nunca me tinham explicado o processo de uma forma tão clara. Quem me dera que fosse assim tão fácil – mas, agora, pelo menos compreendo perfeitamente, acho eu.


Fica sabendo que não há caminhos errados – pois nesta viagem não podes “não chegar” ao sítio para onde vais.

É apenas uma questão de velocidade – meramente uma questão de quando lá chegarás -, e no entanto mesmo isso é uma ilusão, pois não existe nenhum “quando”, nem existe um “antes” ou “depois”. Existe apenas o agora; um eterno momento de sempre no qual estás a experienciar-te.

Então qual é o objectivo? Se não há forma de não “chegarmos lá”, qual é o objectivo da vida? Para que devemos então preocupar-nos com o que fazemos?

Bom, claro que não devem. Mas fazem bem em estar atentos. Basta repararem em quem e naquilo que estão a ser, a fazer, e a ter, e verem se isso vos convém.

O objectivo da vida não é chegar a um lado qualquer – é perceber que já lá estás e sempre estiveste. Estás, sempre e eternamente, no momento de pura criação. O objectivo da vida é, portanto, criar quem e aquilo que és e depois experienciá-lo.


A alma deixa ficar muito claro que o seu propósito é a evolução. É esse o seu único propósito – e o seu íntimo propósito. Não tem nada a ver com as realizações do corpo ou com o desenvolvimento da mente. Para a alma, nada disso tem importância.

A alma também deixa ficar claro que abandonar o corpo não é nenhuma tragédia. Em muitos aspectos, a tragédia é estar dentro do corpo. Por isso tens de entender que a alma encara toda esta história da morte de uma forma diferente. E, claro, também encara de forma diferente toda esta “história da vida” – e é isso que origina grande parte da frustração e ansiedade que uma pessoa sente na sua vida. A frustração e a ansiedade surgem por não se dar ouvidos à própria alma.

Como é que eu posso ouvir melhor o que a minha alma me diz? Se de facto quem manda é a alma, como é que posso fazer com que o seu gabinete me envie esses memorandos?

A primeira coisa que deves fazer é descobrir, com clareza, qual o objectivo da alma – e deixar de fazer juízos sobre ela.

Eu estou a fazer juízos sobre a minha própria alma?

Constantemente. Acabei de mostrar-te como é que te julgas a ti mesmo por quereres morrer. Também te julgas a ti mesmo por quereres viver – viver realmente. Julgas-te a ti mesmo por quereres rir, por quereres chorar, por quereres ganhar, por quereres perder – por quereres experienciar a alegria e o amor – é sobretudo por isso que te julgas a ti mesmo.

(…)

O que a alma procura é o mais sublime sentimento de amor que possas imaginar. É esse o desejo da alma. É esse o seu propósito. A alma procura o sentimento. Não o conhecimento, mas o sentimento. O conhecimento já ela tem, mas o conhecimento é conceptual. O sentimento é experiencial. A alma quer sentir-se e, dessa forma, conhecer-se na sua própria experiência.

O sentimento mais sublime é à experiência de unidade com Tudo O Que É. É esse o grande retorno à Verdade por que a alma anseia. O sentimento do amor perfeito.

O amor perfeito está para o sentimento como o branco está para a cor. Muitos julgam que o branco é a ausência de cor. Não é. É o conjunto de todas as cores. O branco é todas as outras cores que existem, combinadas.

Por isso, o amor não é a ausência de uma emoção (ódio, raiva, luxúria, ciúme, cupidez), mas a soma de todos os sentimentos. O total obtido. O tudo.

Por conseguinte, para a alma experienciar o amor perfeito tem de experienciar todos os sentimentos humanos.

Como posso ter compaixão por aquilo que não entendo?

Como posso perdoar noutra pessoa aquilo que nunca experienciei em mim mesmo? Por isso vemos não só a simplicidade como a terrível magnitude da jornada da alma. Percebemos, finalmente, o que ela anda a fazer:

O propósito da alma humana é experienciar tudo – para que possa ser tudo.

Como é que pode ser cima se nunca foi baixo, esquerda se nunca foi direita? Como pode ser quente se não sabe o que é o frio, boa se renegar o mal? Como é óbvio, a alma não pode escolher ser algo se não houver nada por onde escolher. Para a alma experienciar a sua grandiosidade, tem de saber o que a grandiosidade é. O que é impossível se existir apenas grandiosidade. E por isso a alma percebe que a grandiosidade só existe no espaço daquilo que não é grandioso. Assim, a alma nunca condena o que não é grandioso mas, pelo contrário, abençoa-o – vendo nisso uma parte de si mesma que deve existir para que outra parte de si mesma se manifeste.

A função da alma é, está claro, fazer com que optemos pela grandiosidade – que escolhamos o melhor de Quem Nós Somos – sem condenar aquilo que não escolhemos.

É uma dura missão, que demora muitas vidas, pois vocês estão habituados a fazer juízos precipitados, a considerar uma coisa “errada” ou “má” ou “insuficiente” em lugar de abençoarem o que não escolheram.

Fazem pior que condenar — tentam mesmo fazer mal àquilo que não escolhem. Procuram destruí-lo. Se houver uma pessoa, um local ou uma coisa com que não simpatizem, atacam-na. Se houver uma religião que vá contra a vossa, dizem logo mal dela. Se houver um pensamento que contradiga o vosso, ridicularizam-no. Se houver uma ideia para além da vossa, rejeitam-na; o que é um erro, pois assim só criam metade de um universo.

E nem sequer a vossa metade conseguem entender, tendo, instintivamente, rejeitado a outra.

Isso é tudo muito profundo – e agradeço-Te. Nunca ninguém me disse essas coisas. Pelo menos com tal simplicidade. E estou a tentar entender. A sério, estou mesmo. Ainda assim, há partes que tenho dificuldade em aceitar. Pareces querer dizer, por exemplo, que devemos amar o “errado” para que possamos conhecer o “certo”. Que devemos abraçar o Diabo, por assim dizer?

De que outra forma o curam? É claro que o verdadeiro Diabo é coisa que não existe – mas respondo-te com a imagem que usaste.

A cura é o processo de aceitação de tudo para depois se escolher o melhor. Entendes isso? Não podes optar por seres Deus se não tiveres nenhuma outra opção.

Eh, calma aí! Quem é que falou em optar por ser Deus?

O sentimento mais sublime é o amor perfeito, não é?

Sim, acho que é.

E consegues arranjar uma melhor definição de Deus?

Não, não consigo.

Bom, a tua alma procura o sentimento mais sublime. Procura experienciar – ser – o amor perfeito.

Ela é o amor perfeito – e sabe-o. Contudo, deseja fazer mais do que sabê-lo. Deseja sê-lo na sua experiência.

Claro que procuras ser Deus! Qual julgas tu que era o teu objectivo?

Não sei. Não tenho a certeza. Acho que nunca pensei nisso nesses termos. Considero-a uma atitude um pouco blasfema.

É interessante que não vejas nada de blasfemo na tentativa de ser como o Diabo, mas que tentar ser como Deus te perturbe…

Só um momento! Quem é que procura ser como o Diabo?

Tu! Todos vocês! Até criaram religiões que vos dizem que nasceram em pecado – que são pecadores à nascença – para vos convencerem do vosso próprio mal. Mas se Eu vos dissesse que nascem de Deus, que são deuses e deusas puros, à nascença – amor puro – vocês rejeitar-Me-iam.

Passaram a vossa vida toda a convencer-se de que são maus. Não só que são maus, mas que as coisas que fazem são más. O sexo é mau, o dinheiro é mau, a alegria é má, o poder é mau, ter muito – muito de qualquer coisa – é mau. Algumas das vossas religiões até vos levaram a crer que dançar é mau, a música é má, gozar a vida é mau. Não tarda que achem que sorrir é mau, rir é mau, amar é mau.

Não, não, meu amigo, podes não ter certezas acerca de muitas coisas mas de uma tens: tu, e quase tudo o que desejas, são maus. Tendo feito esse juízo sobre ti mesmo, concluíste que a tua função é melhorar.

Pois olha que está certo. É o mesmo destino em todos os acontecimentos – só que existe uma maneira mais rápida, uma via mais curta, um caminho mais directo.

Qual é?

A aceitação de Quem e Aquilo Que Tu És neste momento – e a demonstração disso.

Foi o que Jesus fez. É o caminho do Buda, a via de Krishna, o trilho de todos os Mestres que passaram pelo mundo.

E, analogamente, todos os Mestres tinham a mesma mensagem: aquilo que eu sou, tu és. O que eu posso fazer, tu podes.

Estas coisas, e mais, poderás fazer também.

Mas vocês não lhes deram ouvidos. Escolheram, em vez disso, o caminho muito mais difícil de alguém que pensa que é o Diabo, daquele que imagina que é mau.

Dizes que é difícil trilhar o caminho de Cristo, seguir os ensinamentos do Buda, manter acesa a chama de Krishna, ser um Mestre. Mas digo-te Eu: é muito mais difícil negares Quem Tu És do que aceitá-lo.

És bondade, misericórdia, piedade e compreensão. És paz, alegria e luz. És perdão, paciência, força e coragem, estás pronto a ajudar em tempo de necessidade, a consolar em tempo de mágoa, a curar em tempo de chagas, a ensinar em tempo de tumulto. És a sabedoria mais profunda e a verdade mais sublime; a paz mais suprema e o amor mais grandioso. És essas coisas. E houve momentos na tua vida em que te conheceste como tal.

Decide agora conhecer-te sempre como tal.


Não estás neste planeta para produzires nada com o teu corpo. Estás neste planeta para produzires algo com a tua alma. O teu corpo é apenas e somente o instrumento da tua alma. A tua mente é que faz andar o corpo. Portanto, o que aqui tens é um instrumento de poder, usado na criação do desejo da alma.

Qual é o desejo da alma?

Sim, qual é?

Não sei. Estou a perguntar-Te a Ti.

Não sei. Pergunto-te Eu a ti.

A pergunta poder-se-ia manter assim eternamente.

E manteve.

Espera aí! Há momentos disseste que a alma procura ser Deus.

Pois.

Então é esse o desejo da alma.

No sentido mais lato do termo, é. Mas este Deus que ela procura ser é muito complexo, muito multidimensional, multisensual, multifacetado. Existe um milhão de aspectos de Mim. Um bilião. Um trilião. Percebes? Há o profano e o profundo, o menor e o maior, o irreal e o sagrado, o sinistro e o Divino. Percebes?

Sim, percebo… o cima e o baixo, a esquerda e a direita, o aqui e o ali, o antes e o depois, o bom e o mau…

Precisamente. Eu sou o Alfa e o Ómega. Não foi apenas uma bonita afirmação ou um conceito lisonjeiro. Foi a Verdade expressa.

Por isso, ao procurar ser Deus, a alma tem à sua frente uma dura tarefa, uma lista enorme de existências à sua escolha. E é o que ela está a fazer neste preciso instante.

A escolher estados de ser.

Sim – e a proporcionar depois as condições certas e perfeitas dentro das quais criar a experiência disso. O que portanto confirma que nada te acontece, ou através de ti, que não seja para o teu maior bem.

Queres dizer que a minha alma está a criar toda a minha experiência incluindo não só as coisas que eu faço como as que me estão a acontecer?

Digamos que a alma te orienta para as oportunidades certas e ideais para que experiencies exactamente o que planeaste experienciar. O que vieres a experienciar é lá contigo. Pode ser o que planeaste experienciar ou pode ser outra coisa qualquer, consoante a escolha que tiveres feito.

Porque hei-de eu escolher algo que não desejo experienciar?

Não sei. Porquê?

Queres dizer que às vezes a alma deseja uma coisa e o corpo ou a mente deseja outra?

O que é que tu achas?

Mas como é que o corpo, ou a mente, pode sobrepor-se à alma? A alma não consegue sempre aquilo que quer?

O teu espírito procura, no sentido mais lato, esse glorioso momento em que terás um conhecimento consciente dos seus desejos e a eles te juntarás em jubilosa unicidade. Mas o espírito nunca, mas nunca, imporá o seu desejo à tua faceta actual, consciente, física. O Pai não imporá a Sua força ao Filho. Fazê-lo é uma violação da Sua própria natureza e, por isso, literalmente impossível.

O Espírito Santo não imporá a Sua vontade sobre a tua alma. Não está na natureza do espírito fazê-lo e, por isso, é praticamente impossível.

É aqui que acabam as impossibilidades. A mente tenta muitas vezes impor a sua vontade ao corpo – e fá-lo. Da mesma forma, o corpo procura muitas vezes controlar a mente – e muitas dessas vezes consegue.

Contudo, o corpo e a mente, juntos, não têm de fazer nada para controlar a alma – pois a alma está totalmente desprovida de necessidades (ao contrário do corpo e da mente que estão atulhados delas) e por isso deixa que o corpo e a mente levem sempre a deles avante.

De resto, a alma também não desejaria que fosse de outra maneira – pois se a entidade que tu és se destina a criar e consequentemente a saber quem realmente é, deve existir através de um acto de consciente volição e não de inconsciente obediência.

Obediência não é criação e, portanto, nunca pode levar á salvação.

A obediência é uma reacção, enquanto a criação é pura opção, não imposta, não exigida.

A pura opção conduz à salvação através da pura criação do mais elevado ideal no momento que passa.

A função da alma é mostrar o seu desejo, não impô-lo.

A função da mente é optar por uma das suas alternativas.

A função do corpo é representar essa opção.

Quando corpo, mente e alma criam em conjunto, em harmonia e em unidade, Deus faz-se carne.

É então que a alma se conhece a si mesma na sua própria experiência.

É então que os Céus rejubilam.

Agora mesmo, neste preciso instante, a tua alma criou de novo a oportunidade para que sejas, faças e tenhas tudo o que é preciso para saberes Quem Tu Realmente És.

A tua alma trouxe-te as palavras que estás a ler neste momento – como já antes te trouxe palavras de sabedoria e verdade.

Que vais fazer agora? Que decidirás ser?

A tua alma aguarda, e observa com interesse, como já tantas vezes o fez.